O Brasil enfrenta dificuldades no planejamento de aquisições de aeronaves militares, de acordo com Vitelio Brustolin, pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Harvard. Brustolin destacou que a Força Aérea Brasileira (FAB) tem adotado uma gestão improvisada, que resulta em gastos desnecessários e no uso de aeronaves que não atendem aos requisitos de longo prazo. O especialista criticou a falta de um planejamento estruturado, o que leva a compras de aviões que exigem treinamento especializado e que não ficam em operação pelo tempo esperado.
Como exemplo de falhas passadas, Brustolin mencionou a aquisição dos caças Mirage 2000 nos anos 2000, que foram utilizados por apenas oito anos, apesar da expectativa inicial de que durassem 40 anos. Esse episódio reflete um padrão de compras ineficientes, sem uma visão estratégica de longo prazo. O especialista também comentou sobre o programa FX-2, responsável pela compra dos caças Gripen, afirmando que, apesar de ser uma iniciativa de Estado, também está sendo afetada por improvisos em sua execução.
Atualmente, a Força Aérea está considerando a compra do F-16, o que, segundo Brustolin, resultaria em mais desafios logísticos. Ele apontou que o Brasil não possui capacidade de reabastecer o F-16 com seu atual KC-390, sendo necessário adquirir novos aviões para essa tarefa, o que aumentaria os custos e complicaria a operacionalidade. O pesquisador ressaltou que essa situação revela uma gestão de recursos ineficaz, com reflexos diretos na capacidade de defesa do país.