Joe Biden será o primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar a Amazônia brasileira, mas sua viagem, prevista para o próximo domingo, 17, não deverá resultar em avanços concretos para a floresta ou para as populações que dela dependem. Embora o encontro com lideranças indígenas e a visita ao Museu da Amazônia em Manaus sejam eventos de alto simbolismo, a expectativa é de que a viagem não traga novidades em relação às promessas feitas pelo governo americano, especialmente no que diz respeito ao financiamento de projetos ambientais. Durante a campanha de 2020, Biden havia prometido US$ 20 bilhões para a proteção da Amazônia, mas os repasses de recursos nunca saíram do papel, e os esforços de negociação com o governo anterior de Jair Bolsonaro não resultaram em investimentos substanciais.
A relação ambiental entre Brasil e Estados Unidos, que ganhou destaque com a chegada de Biden ao poder e a reativação do Fundo Amazônia, tem sido marcada por uma série de frustrações. O governo de Lula, ao assumir, esperava um apoio financeiro significativo para a preservação da floresta, mas as promessas do governo americano ficaram aquém das expectativas. Em 2023, Biden anunciou a intenção de destinar US$ 500 milhões ao fundo, mas a liberação desse dinheiro depende de aprovação no Congresso dos EUA, o que torna a efetivação dessa ajuda bastante incerta. Embora a viagem de Biden à Amazônia seja vista como um gesto de apoio ao meio ambiente, ela ocorre em um contexto de dificuldades políticas e com um prazo de ação cada vez mais curto devido à proximidade do fim de seu mandato.
O simbolismo da visita de Biden à Amazônia, portanto, parece ser mais uma tentativa de reforçar sua imagem de defensor do meio ambiente, especialmente em contraste com a postura do seu antecessor Donald Trump. Apesar das dificuldades em concretizar promessas ambientais, Biden tem buscado deixar um legado em políticas climáticas, como o pacote de investimentos em transição energética nos Estados Unidos. No entanto, com a iminente vitória de Trump, que já sinalizou um retrocesso nas questões ambientais, a viagem à Amazônia pode ser vista como um ato tardio, que pouco muda para a preservação da floresta e que dificilmente trará avanços concretos para as relações bilaterais nesse campo.