O baile da Ilha Fiscal, realizado em 9 de novembro de 1889, ficou marcado como o último evento da monarquia brasileira e como um símbolo do fim de uma era. O evento, promovido no contexto das chamadas “festas chilenas”, reuniu a elite carioca em uma celebração de luxo, com banquetes opulentos e uma vasta mobilização de recursos, incluindo 12 mil garrafas de vinho e centenas de pratos sofisticados. No entanto, a grandiosidade do baile contrastava com a crescente insatisfação popular e os problemas políticos enfrentados pelo regime imperial, como as tensões com a elite republicana, os militares e as acusações de corrupção no governo.
Embora o baile tenha sido amplamente criticado pela imprensa, que o considerava um símbolo de desperdício e desconexão com as dificuldades do país, ele também serviu como uma tentativa de consolidar a imagem da monarquia, especialmente a figura da princesa Isabel, como sucessora de Dom Pedro 2º. Entretanto, o evento ocorreu em um momento de crescente articulação republicana, com forças civis e militares se preparando para derrubar o império. A festa aconteceu em um cenário de grande alienação política, onde a opulência da monarquia contrastava com a efervescência de movimentos republicanos que se alicerçavam na insatisfação popular e no desejo de modernização.
O impacto do baile foi mais simbólico do que real. Embora tenha sido uma celebração exuberante, ela não conseguiu impedir o fim da monarquia, que ocorreu apenas dias depois, com a Proclamação da República. O baile da Ilha Fiscal ficou na história como o “último suspiro” do império, sendo visto por muitos como uma tentativa de ocultar a crise e de manter a estabilidade de uma instituição já em declínio. O evento, ao mesmo tempo que celebrava o luxo e a pompa, também marcou o início de um novo ciclo para o Brasil, com a transição de um império para uma república.