Em 2023, a Bahia registrou 1.702 mortes decorrentes de ações policiais, superando pelo segundo ano consecutivo os índices de letalidade policial dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Esse levantamento faz parte da pesquisa “Pelo Alvo,” conduzida pela Rede de Observatório de Segurança, que acompanha a atuação policial em nove estados brasileiros. Entre as vítimas, 1.321 eram pessoas negras, um dado que acentua as disparidades raciais no contexto da segurança pública. Os dados chamam atenção para o aumento expressivo da violência policial no estado, com um crescimento de 161,8% nas mortes por intervenção policial nos últimos anos.
O estudo mostra também que mais de 60% das vítimas fatais em ações policiais na Bahia são jovens entre 18 e 29 anos, evidenciando o impacto da violência policial sobre a juventude negra do estado. Casos recentes, amplamente divulgados pela mídia, incluem episódios de mortes durante abordagens policiais que geraram protestos de familiares e moradores, destacando a tensão crescente entre a população e as forças de segurança. Em um desses casos, um jovem de 18 anos foi atingido por tiros na cabeça durante uma operação em Salvador, o que suscitou denúncias de abuso e execução.
A Rede de Observatório de Segurança fundamenta suas pesquisas em dados da Secretaria de Segurança Pública e relatos da imprensa, criando um banco de dados anual para analisar os padrões de atuação policial. Especialistas na área destacam a complexidade do cenário da violência no estado, onde o uso de força policial tem sido uma prática contestada como método para enfrentar os altos índices de criminalidade.