A procura por laqueadura no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu consideravelmente nos últimos anos, com um aumento de mais de 80% entre 2022 e 2023. Em 2022, foram registrados 106 mil procedimentos, número que saltou para quase 200 mil em 2023. No primeiro semestre de 2024, já foram realizados 136 mil procedimentos. Este aumento está diretamente relacionado às mudanças na legislação, que agora permite a realização da cirurgia a partir dos 21 anos, independentemente de ter filhos, e até antes dessa idade para mulheres com pelo menos dois filhos vivos.
A cirurgia de laqueadura é uma opção definitiva para mulheres que não desejam mais ter filhos, com um processo de recuperação geralmente rápido. No entanto, devido à irreversibilidade do procedimento, a paciente precisa aguardar um período de 60 dias após assinar o consentimento, garantindo tempo para refletir sobre a decisão. A ampliação do acesso à laqueadura também eliminou a necessidade de autorização do parceiro, o que antes era uma exigência legal. Essa mudança na legislação facilita o acesso das mulheres à cirurgia, especialmente em contextos de dificuldades econômicas.
Além de questões de saúde, muitos dos pedidos de laqueadura têm motivação econômica, já que muitas mulheres enfrentam desafios para prover uma educação e condições de vida adequadas aos filhos. O debate sobre a idade mínima para a realização da cirurgia continua, com especialistas recomendando cautela, principalmente em casos de mulheres jovens sem filhos, já que essas podem mudar de ideia sobre a maternidade no futuro. No entanto, a maioria das mulheres que opta pela laqueadura considera essa uma decisão consciente, diante das dificuldades sociais e financeiras que enfrentam.