O número de adultos vivendo com diabetes tipo 1 ou tipo 2 no mundo superou os 800 milhões em 2022, quadruplicando desde 1990, quando eram 198 milhões, segundo uma análise global publicada pela revista The Lancet. O estudo revelou que as taxas de diabetes aumentaram significativamente em homens e mulheres, com maior crescimento nos países de renda média e baixa. Em termos de prevalência, a Índia e a China concentraram as maiores populações afetadas, seguidas pelos Estados Unidos, Paquistão, Indonésia e Brasil. A obesidade, principal fator de risco para o diabetes, também cresce de forma paralela, reforçando a importância de mudanças no estilo de vida, como alimentação e atividades físicas.
Além da alta prevalência, o estudo apontou que cerca de 59% dos adultos com diabetes, totalizando 445 milhões de pessoas, não receberam o tratamento adequado em 2022, o que representa um aumento significativo em relação a 1990. A desigualdade no acesso ao tratamento também se aprofundou, especialmente em países de baixa e média renda, onde mais de 90% da população afetada não tem acesso a cuidados adequados. Em regiões como a Europa Central e América Latina, a cobertura de tratamento melhorou, mas ainda há grandes disparidades, com a Bélgica apresentando as maiores taxas de tratamento na Europa.
A obesidade, identificada como uma das principais causas do diabetes tipo 2, é vista como um ponto-chave para a prevenção e controle da doença. A endocrinologista Tarissa Petry sugere que o tratamento eficaz da obesidade poderia ajudar a reverter o aumento dos casos de diabetes, mas destaca que o alto custo dos tratamentos disponíveis limita o acesso, especialmente no Brasil. A descoberta de novos medicamentos para o controle do diabetes tipo 2 e da obesidade, como semaglutida e tirzepatida, oferece esperança de que o acesso a tratamentos se torne mais acessível e que a qualidade de vida dos pacientes melhore com o tempo.