Até recentemente, as preocupações com a inflação eram vistas como exageradas por alguns, mas os dados divulgados pelo IPCA-15 de novembro confirmaram que essas inquietações estavam corretas. A inflação subiu 0,62% em relação ao mês anterior, superando as expectativas do mercado (0,48%), impulsionada principalmente pela alta de alimentos, cigarros e passagens aéreas. No entanto, o maior foco da preocupação não foi o aumento do índice geral, mas os resultados das chamadas “medidas de núcleos”, que indicam uma inflação mais disseminada na economia.
O núcleo por expurgo, que exclui itens como alimentos consumidos no domicílio e preços administrados, teve alta de 0,55%. Essa metodologia busca isolar os efeitos de fatores que não são influenciados diretamente pela política monetária, como os preços controlados pelo governo. Ao excluir esses itens, é possível medir com mais precisão a inflação que responde diretamente às condições econômicas, como a taxa de juros. O aumento no núcleo por expurgo sugere que a inflação não está restrita a choques de oferta, o que caracteriza um cenário inflacionário mais preocupante e persistente.
A inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA-15 já atinge 4,77%, ultrapassando o teto da meta do Banco Central (4,5%). Esse aumento se deve, em grande parte, ao crescimento dos gastos do governo, que tem gerado uma pressão maior sobre a demanda interna, ultrapassando a capacidade de oferta do país. Esse desajuste resulta, inevitavelmente, em elevação de preços. Em vista desse quadro, muitos especialistas apontam que é hora de o governo adotar medidas para conter a inflação e garantir a estabilidade econômica.