A Argentina tem se mostrado um obstáculo nas negociações sobre a declaração final que será assinada pelos líderes mundiais na cúpula do G20, marcada para a próxima semana no Rio de Janeiro. O governo de Javier Milei tem se oposto à inclusão de pontos específicos no texto, especialmente no que diz respeito à tributação dos super-ricos, um tema central para o Brasil, que lidera a reunião. O governo brasileiro, representado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende uma maior tributação sobre os mais ricos como uma medida de justiça fiscal, visando mitigar o impacto do ajuste fiscal.
Além da questão fiscal, a Argentina também tem resistido à inclusão de temas relacionados a gênero e meio ambiente na declaração final, reflexo das posições do governo Milei, que é crítico das abordagens globais sobre mudanças climáticas e igualdade de gênero. Milei se retirou da COP29, que discute as questões climáticas, e também não assinou um acordo internacional sobre igualdade de gênero negociado em outubro. Essas resistências indicam uma postura mais alinhada com a agenda conservadora e de direita, especialmente após a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos.
Com a necessidade de consenso para que a declaração final seja aprovada, a postura argentina coloca em risco a coesão do grupo. O país tem buscado reverter termos já acordados, como a menção à tributação de indivíduos de alto patrimônio, que foi parte de um entendimento anterior entre ministros de finanças e presidentes de bancos centrais. Em meio a essas tensões, Milei também tem realizado ajustes em sua equipe diplomática, visando alinhar a política externa argentina com suas novas prioridades, refletidas em suas recentes ações, como o encontro com Trump em Mar-a-Lago.