No âmbito das negociações do G20, a delegação da Argentina manifestou nesta sexta-feira, 15, oposição à proposta de taxação de grandes fortunas, uma medida previamente aprovada por todos os países do grupo. A mudança de posição de Buenos Aires gerou preocupações dentro do governo brasileiro, que teme o risco de a proposta ser derrubada. Diplomatas e integrantes do Ministério da Fazenda do Brasil destacam que a postura da Argentina, caracterizada por um tom beligerante, tem dificultado o processo de negociação.
O governo argentino, sob a liderança do presidente Javier Milei, tem enfrentado uma reestruturação diplomática interna, com demissões e mudanças nas lideranças do Ministério das Relações Exteriores. No G20, os enviados argentinos também mostraram resistência a outros temas, como questões relacionadas ao clima e direitos de gênero, embora ainda demonstrem interesse em buscar recursos para iniciativas ambientais. Milei, por sua vez, deverá discursar sobre fome, pobreza e reforma da governança global, mas optou por não abordar o tema climático, o que reflete a postura mais conservadora de seu governo.
Além da questão fiscal, fontes informais indicam que a Argentina ainda não aderiu à proposta de Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e tem se mostrado reticente em outros compromissos globais. As discussões entre os sherpas dos países do G20, que estão reunidos no Rio de Janeiro, visam consolidar acordos e preparar a Declaração de Líderes do Rio, que será assinada durante a cúpula nos dias 18 e 19. Embora a Argentina tenha alterado sua posição, o governo brasileiro espera que um consenso seja alcançado para que a agenda de desenvolvimento sustentável proposta por Lula seja viabilizada.