A participação da Argentina no G-20 tem se mostrado um obstáculo para o Brasil e suas negociações durante a cúpula no Rio de Janeiro. Sob a liderança de Javier Milei, o país tem adotado uma postura rígida e radical, questionando temas como igualdade de gênero, desenvolvimento sustentável e tributação de grandes fortunas. Isso tem dificultado a formulação de um comunicado final conjunto entre os 20 maiores países do mundo, com a delegação argentina vetando ou buscando reverter compromissos já acordados, especialmente em questões de direitos humanos e mudanças climáticas.
Milei, com o apoio de Donald Trump e sua agenda isolacionista, tem gerado atritos não apenas com o Brasil, mas também com outros países do G-20, que veem sua postura como um retrocesso nos avanços conquistados nas últimas cúpulas. O Brasil, presidindo o grupo, se encontra pressionado a mediar um acordo sem prejudicar suas alianças políticas, com especial atenção à divisão geopolítica entre Estados Unidos e Rússia, além de disputas sobre a transição energética. A proposta de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, contudo, segue sendo uma das iniciativas mais viáveis de ser aprovada, apesar das resistências.
Os embaixadores que participam das negociações, conhecidos como “sherpas”, enfrentam dificuldades para chegar a um consenso, o que poderia resultar em uma cúpula sem uma declaração comum. A situação é delicada, com alguns países dispostos a flexibilizar suas demandas para evitar um fracasso diplomático, enquanto outros, como a Argentina, continuam a insistir em suas posições. As discussões sobre mudanças climáticas e as guerras em curso, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, também estão entre os pontos críticos que podem afetar o desfecho das negociações.