No Espírito Santo, apenas 35% das cidades litorâneas seguem a legislação que regulamenta a iluminação nas praias para proteger as tartarugas marinhas durante a temporada de desova, que vai de setembro a março. Essas regras buscam evitar que a iluminação artificial atraia as tartarugas para áreas perigosas, como ruas e avenidas, onde podem ser atropeladas ou se desorientarem. Das 14 cidades costeiras do estado, somente cinco estão com a iluminação adaptada para proteger as tartarugas, mas mesmo nessas localidades, a adequação ainda não é total.
O impacto da iluminação artificial é grave, pois ela desorienta as tartarugas, especialmente os filhotes, que se guiam pela luminosidade natural do mar. Qualquer fonte de luz mais forte do que a do horizonte natural pode fazer com que os animais sigam a direção errada, colocando em risco sua sobrevivência. O Espírito Santo é um dos principais locais de desova das tartarugas no Brasil, abrigando as cinco espécies encontradas no país, incluindo as ameaçadas de extinção, como a tartaruga-de-couro e a tartaruga-cabeçuda. A iluminação inadequada pode comprometer a reprodução dessas espécies e prejudicar o ciclo de vida dos filhotes.
A Fundação Projeto Tamar, em parceria com o ICMBio, tem orientado as prefeituras sobre a necessidade de ajustes nas lâmpadas e no ângulo das luminárias para minimizar os danos à fauna marinha, sem deixar as orlas totalmente escuras. O caso mais recente envolve a cidade da Serra, onde, após vários incidentes de tartarugas desorientadas, a iluminação foi ajustada para ser desligada após as 22h nas praias de Bicanga e Carapebus durante a temporada de desova. Apesar dos esforços, muitos municípios ainda não adaptaram sua infraestrutura de forma satisfatória, o que aumenta o risco para as tartarugas marinhas, cuja população tem mostrado sinais de crescimento nas últimas temporadas.