O álbum Brutal brega – MPB mode, lançado por João Gordo, apresenta releituras de clássicos da música brasileira sob uma abordagem punk hardcore. Apesar da ousadia inicial do projeto, que conquistou atenção com o disco Brutal brega (2022), a nova edição carece do mesmo impacto e perde a espirituosidade que antes equilibrava humor e peso musical. A inclusão de três frevos de Caetano Veloso em um repertório de dez músicas é criticada por soar redundante, comprometendo a coerência do álbum.
Algumas escolhas de repertório se destacam, como Galos, noites e quintais, de Belchior, e Sobradinho, de Sá e Guarabyra, que se alinham ao espírito de resistência do punk. No entanto, outras faixas, como Sebastiana, de Rosil Cavalcanti, e Tropicana, de Alceu Valença e Vicente Barreto, perdem características essenciais, como o tom maroto e a sensualidade, no contexto do estilo adotado. A produção musical, assinada por Val Santos, é tecnicamente eficiente, mas não resgata a irreverência do projeto original.
Entre os destaques, está Espelho mágico, música de Silvio Brito que é revisitada com um frescor inesperado após décadas sem regravações. Apesar dessa joia no repertório, o álbum deixa a sensação de que o charme do conceito inicial foi diluído ao migrar para o universo da MPB, sugerindo que o artista deveria retomar o modo brega que marcou o sucesso anterior.