O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de ajuste fiscal que visa economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. A medida foi acompanhada pelo anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, uma proposta de campanha do presidente Lula. No entanto, especialistas apontam que essa isenção pode prejudicar os esforços de controle das contas públicas, uma vez que se trata de uma renúncia fiscal significativa.
Samuel Pessôa, pesquisador da FGV, destaca que o Brasil enfrenta um problema estrutural de aumento da dívida pública, agravado pelos gastos obrigatórios, como saúde e educação, que crescem a um ritmo mais acelerado que a economia. Ele critica o foco do governo na desoneração de impostos, que pode agravar ainda mais a situação fiscal, além de reduzir a margem de manobra para investimentos e ajustes necessários. A medida de isenção de R$ 50 bilhões, na visão de Pessôa, pode pressionar a dívida pública brasileira, que pode alcançar 86% do PIB ao final do governo de Lula.
Especialistas alertam que, para enfrentar o desequilíbrio fiscal, é necessário um corte de gastos e medidas que combatam a inflação e o excesso de demanda. O pacote anunciado pelo governo não foi considerado ousado o suficiente para enfrentar os desafios fiscais do país, e a renúncia fiscal pode comprometer os esforços de controle orçamentário, gerando incertezas sobre o impacto futuro dessa política fiscal.