O analista sênior Américo Martins aponta que o apoio financeiro e militar dos Estados Unidos à Ucrânia, promovido pelo governo de Joe Biden, pode ter gerado uma sensação de desgaste entre o eleitorado americano. Essa percepção, segundo Martins, teria contribuído para o descontentamento com a candidatura de Kamala Harris nas eleições presidenciais recentes. Desde o início do conflito com a Rússia, os EUA enviaram bilhões de dólares em apoio à Ucrânia, um gesto que, apesar de ser crucial para a resistência ucraniana, encontra-se em meio a controvérsias entre os setores da sociedade americana que questionam o impacto interno desse auxílio.
Durante a campanha, o presidente eleito Donald Trump utilizou esse sentimento de insatisfação popular ao prometer resolver rapidamente o conflito. Trump chegou a descrever o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como um “grande vendedor” por sua habilidade em garantir recursos americanos. No entanto, analistas observam que Trump não especificou como pretende finalizar o conflito, e existe uma preocupação de que o novo governo possa reduzir ou interromper a assistência à Ucrânia, o que poderia afetar a segurança nacional americana e o papel dos EUA na OTAN.
Além da questão ucraniana, o novo governo Trump também enfrentará desafios geopolíticos mais amplos, incluindo o equilíbrio de interesses econômicos e de segurança nacional. Martins destaca que a relação dos EUA com a China será um tema central e que, no Oriente Médio, a política de apoio a Israel deverá permanecer inalterada. Esses fatores indicam um cenário complexo para a administração Trump, que terá que gerenciar interesses globais e internos de maneira estratégica e cautelosa.