O Carrefour anunciou que suas lojas na França deixarão de adquirir carnes provenientes do Mercosul, em resposta a protestos de agricultores franceses contrários ao acordo comercial entre a União Europeia e o bloco sul-americano. A decisão ocorre em meio a manifestações que criticam a possibilidade de livre comércio, alegando que produtos do Mercosul, especialmente do Brasil, seriam mais competitivos devido a custos de produção mais baixos e produtividade elevada. Embora o Carrefour tenha limitado a medida às suas lojas francesas, a decisão gerou críticas no Brasil, que seria o maior beneficiado pelo acordo, com projeções de aumento no PIB e ganhos expressivos na balança comercial.
O tratado, assinado em 2019, busca eliminar tarifas para diversos produtos entre os dois blocos, mas permanece sem ratificação devido à resistência de países europeus, como França e Itália, que pedem critérios mais rígidos em questões ambientais e sociais. Produtores europeus temem a perda de competitividade, enquanto o Brasil argumenta que suas leis ambientais são rigorosas e que problemas de desmatamento não estão diretamente ligados aos produtos exportados. O acordo também prevê salvaguardas para proteger mercados internos e compromissos com o Acordo de Paris, mas enfrenta críticas de ambos os lados, com os europeus pedindo mais garantias ambientais e os sul-americanos rejeitando exigências que consideram desiguais.
Embora o Brasil seja apontado como o principal beneficiado, com aumento esperado em exportações de carnes, sucos, soja e outros produtos, o tratado enfrenta obstáculos políticos e econômicos significativos. Agricultores europeus têm pressionado por maior protecionismo e subsídios, argumentando que as condições de produção no Mercosul seriam desleais. O debate reflete tensões maiores sobre comércio, meio ambiente e soberania agrícola, destacando o impacto das mudanças climáticas e o papel de regulamentações como a lei antidesmatamento da UE, que deve entrar em vigor em 2025.