No Brasil, apenas duas em cada cinco crianças de 0 a 3 anos em situação de vulnerabilidade têm acesso a creches, deixando cerca de 2,6 milhões fora desse serviço essencial para o desenvolvimento infantil. Segundo o Índice de Necessidade de Creche Estados e Capitais (INC), criado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com a Quantis, essa realidade expõe a disparidade no atendimento de crianças em grupos prioritários. A situação é ainda mais crítica entre as crianças em situação de pobreza, com 71% delas fora das creches, e entre as filhas de mães economicamente ativas, das quais quase metade não está matriculada.
Os motivos para a falta de acesso variam. Para mais de 56% das crianças não matriculadas, a decisão foi dos próprios responsáveis, que preferem manter os cuidados em casa, especialmente para as menores de um ano. Contudo, há também casos em que a ausência de creches próximas ou a falta de vagas impede a matrícula, afetando 7,6% e 9,5% dessas crianças, respectivamente. Especialistas destacam a importância de investimentos públicos na expansão de vagas e na conscientização sobre a relevância das creches, que são vistas não só como espaços de cuidado, mas também de aprendizagem.
Com o prazo do Plano Nacional de Educação (PNE) se aproximando em 2025, o Brasil ainda está distante da meta de 50% de cobertura para crianças de até 3 anos, atualmente em 37,3%. A decisão do Supremo Tribunal Federal em 2022 reforçou a obrigatoriedade do poder público em atender à demanda por vagas, mas a expansão ainda enfrenta desafios de planejamento e recursos.