A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos representou uma mudança significativa na política americana, revelando segmentos da sociedade que, até então, eram invisíveis para a mídia tradicional. De acordo com Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, essa eleição marca uma percepção coletiva sobre a transformação do cenário político americano, evidenciando uma nova forma de engajamento e expressão popular, impulsionada pelo uso estratégico das redes sociais.
Trevisan destaca que, embora Trump tenha explorado com maestria as redes sociais, ele não foi o primeiro a perceber o potencial dessas ferramentas para se comunicar diretamente com o público. Barack Obama já havia iniciado essa prática, utilizando mídias sociais e tecnologia móvel para se conectar com os eleitores. O professor cita ainda uma observação do filósofo italiano Umberto Eco, que alertou sobre o impacto das redes sociais ao dar voz a uma “legião de imbecis”, refletindo a preocupação com a disseminação de informações e sua influência na opinião pública.
O professor vê paralelos entre esse fenômeno e momentos históricos de mudanças sociais, como a formação do Terceiro Estado na França pré-Revolução, sugerindo que a democratização das tecnologias de comunicação possibilita que grupos antes marginalizados ganhem visibilidade e poder. Trevisan considera que essa realidade nos Estados Unidos oferece um alerta para democracias ao redor do mundo sobre o papel das novas mídias na formação da opinião pública e nos processos eleitorais, incentivando uma reflexão sobre a responsabilidade na difusão de informações em tempos de liberdade de expressão.