O autor reflete sobre suas viagens pelo mundo, observando as semelhanças entre diferentes culturas e como elas se entrelaçam com a identidade brasileira, marcada pela miscigenação e pelo multiculturalismo. Ele destaca a profunda conexão do Brasil com as raízes africanas, uma vez que o país recebeu cerca de 44% dos africanos escravizados durante o tráfico negreiro, uma parte significativa da história que poucos brasileiros compreendem em sua totalidade. A narrativa também menciona como os cursos de história nas escolas não exploram adequadamente as origens, consequências e a conjuntura de períodos fundamentais como a escravidão.
O texto aprofunda-se no impacto do tráfico de escravizados, destacando o número impressionante de africanos trazidos ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, especialmente das regiões da África Central e Ocidental. De acordo com o autor, as condições desumanas nas viagens, as doenças e a violência durante o transporte de milhões de seres humanos resultaram em uma grande perda de vidas. A análise também aponta para a enorme dívida histórica do Brasil com a população negra, que carrega a herança de sofrimento, mas também de resistência e resiliência.
Em 2024, o autor teve a oportunidade de visitar Gana, um dos destinos finais de muitos africanos antes de serem enviados para o Brasil. Ele descreve a experiência de visitar a fortaleza de Elmina, que serviu como uma das maiores prisões de escravizados na costa africana, e a forte conexão entre os rostos que viu em Gana e os traços dos brasileiros. Ao refletir sobre essas experiências, o autor enfatiza a importância de valorizar não apenas as figuras históricas como Zumbi dos Palmares, mas todos os negros e negras que, com suas origens e culturas diversas, constituem a essência do Brasil contemporâneo.