A obra “História Concisa da Literatura Brasileira”, de Alfredo Bosi, examina a trajetória literária de José de Alencar, um dos principais nomes do romantismo brasileiro. Alencar, nascido no Ceará em 1826, foi um escritor e político que se destacou por suas obras que exploraram a construção da identidade nacional, com forte foco nos aspectos da vida sertaneja, indígena e urbana. O autor integrou a corrente romântica do século 19, utilizando a figura do indígena como símbolo heroico do Brasil, especialmente em suas obras “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”, que compõem a sua trilogia indianista.
Embora a crítica à obra de Alencar tenha surgido ao longo do tempo, especialmente em relação ao tratamento do indígena, o autor permanece uma figura central na literatura brasileira. A representação de personagens como o herói Peri, em “O Guarani”, reflete as influências do romantismo e da busca por uma identidade nacional autêntica, ao mesmo tempo em que se insere em um contexto cultural mais amplo, com ecos da queda de Lúcifer descrita na obra “Paraíso Perdido” de John Milton. Contudo, a visão do indígena como “selvagem” e a utilização de termos como “índio” para se referir aos povos originários revelam uma perspectiva que, com o passar do tempo, tem sido questionada e superada.
No contexto educacional atual, especialmente em Goiás, o indianismo romântico se reconfigura através de iniciativas como o IV Concurso Cênico-Literário “Reconhecendo Nossas Goianidades”, que, em sua quarta edição, abordou o tema “Povos Indígenas no Cerrado”. Com a participação de milhares de professores e alunos, o concurso é uma importante ação pedagógica que promove a valorização e a visibilidade das culturas indígenas no Brasil contemporâneo. Essa iniciativa reflete um esforço mais amplo de reinterpretação da literatura romântica e da história indígena, levando em conta a perspectiva dos próprios povos originários e buscando formas mais respeitosas e autênticas de representação.