A vitória de Donald Trump nas eleições americanas trouxe volatilidade e incertezas aos mercados globais, com impactos especialmente relevantes para moedas de países emergentes. Enquanto o dólar se valorizou amplamente, o real brasileiro destacou-se por seu desempenho relativamente forte. Especialistas apontam que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos torna o real atraente para investidores que buscam rendimentos superiores em mercados emergentes. Além disso, o mercado de câmbio brasileiro oferece facilidade para operações de hedge, ajudando a proteger investimentos contra oscilações cambiais.
No contexto fiscal e monetário brasileiro, o fortalecimento do real também é sustentado pelas perspectivas de avanço em reformas fiscais e pela política de juros do Banco Central. Com a manutenção de uma taxa de juros elevada, o Brasil atrai fluxos de capital que fortalecem o real, sobretudo em um cenário de política monetária moderada nos EUA. O carry trade se torna uma opção para investidores, alavancando o interesse pelo real e promovendo seu papel como alternativa de proteção frente à volatilidade global.
A função do real como instrumento de hedge reforça sua estabilidade relativa frente a outras moedas emergentes, como o peso mexicano, que têm sofrido mais pressão devido às políticas protecionistas esperadas no governo Trump. A preparação do Brasil para este cenário, com medidas fiscais estruturais e a atuação do Banco Central, cria um ambiente propício para o real se manter competitivo a curto prazo. No médio prazo, a atratividade do real dependerá de reformas econômicas e das possíveis elevações de juros nos EUA, que podem impactar a competitividade da moeda brasileira.