O governo da Venezuela reagiu com veemência ao veto do Brasil à sua entrada no Brics, considerando a decisão uma agressão e um gesto hostil. O Brasil, sob a administração de Luiz Inácio Lula da Silva, manteve a posição adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, barrando a adesão da Venezuela e da Nicarágua ao bloco. A representação brasileira, liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, argumentou que a decisão estava alinhada a critérios políticos e de relações bilaterais, que incluem a relevância política e a necessidade de relações amigáveis com todos os membros do grupo.
A Venezuela, que há meses buscava ser membro ativo do Brics, contou com o apoio de alguns países participantes, mas não conseguiu reverter a posição brasileira. Durante uma cúpula em Kazan, o presidente russo expressou apoio à Venezuela, mas Lula reafirmou seu veto, evidenciando as tensões nas relações com os líderes venezuelanos e nicaraguenses. As críticas do governo venezuelano, que incluiu acusações de comportamento hostil, aumentaram após Lula questionar a legitimidade das eleições na Venezuela, resultando em um clima de desconfiança entre os dois países.
As relações bilaterais entre Brasil e Venezuela foram restabelecidas em janeiro de 2023, após um período de ruptura. Contudo, a interação continua tensa, especialmente após declarações do procurador-geral da Venezuela, que acusou Lula de ser agente de uma potência estrangeira. A relação com a Nicarágua também se deteriorou, culminando na expulsão mútua de embaixadores e na percepção de um boicote brasileiro a eventos nicaraguenses. Esses desentendimentos refletem as complexas dinâmicas políticas na região e os desafios enfrentados por Lula em sua política externa.