A psiquiatra Carmita Abdo, referência em sexualidade no Brasil, alerta sobre os riscos do uso excessivo de testosterona, especialmente entre mulheres e jovens que buscam melhorar seu desempenho físico e aparência. Embora a testosterona tenha sido aprovada para mulheres na pós-menopausa com desejo sexual hipoativo, sua utilização tem se tornado comum sem orientação médica, levando a efeitos adversos significativos, como alterações na voz, acne, queda de cabelo e até risco de câncer. A psiquiatra enfatiza que muitos não estão cientes das consequências prejudiciais a longo prazo, especialmente para homens jovens que desejam aumentar a massa muscular, podendo enfrentar problemas de fertilidade.
No 25º Congresso Mundial de Medicina Sexual, realizado no Rio de Janeiro, discutiu-se a crescente epidemia de uso abusivo de testosterona. Apesar de pacientes apresentarem altos níveis do hormônio, muitos ainda reclamam de falta de desejo sexual. Essa insatisfação pode estar ligada a questões emocionais, como ansiedade e depressão, que frequentemente são ignoradas. Abdo destaca a importância de investigar a saúde mental dos pacientes, pois a falta de desejo pode ser um sintoma de um quadro depressivo que requer tratamento psicoterapêutico e medicamentoso.
O uso excessivo das redes sociais também é citado como um fator que contribui para o aumento da ansiedade e depressão entre os jovens. Abdo alerta para a necessidade de abordagens terapêuticas adequadas, que ajudem os pacientes a entenderem suas reais necessidades e a não dependerem da testosterona como solução. A interrupção abrupta do uso do hormônio sem a supervisão de um profissional de saúde pode ser arriscada, pois pode afetar ainda mais o bem-estar psicológico do paciente.