A urbanização qualificada de favelas surge como uma estratégia importante para mitigar os impactos da crise climática, segundo Anacláudia Rossbach, nova subsecretária geral da ONU e diretora do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos. Em entrevista, ela destaca que a intersecção entre questões urbanas e ambientais é fundamental, com as cidades sendo responsáveis por 70% das emissões globais. Rossbach enfatiza a necessidade de repensar o planejamento urbano, adotando uma abordagem mais inclusiva e adaptada às realidades locais, especialmente no Sul Global.
A economista aponta que, historicamente, os planos urbanos têm sido elaborados de maneira vertical, sem a participação das comunidades, o que muitas vezes resulta em soluções inadequadas. Contudo, nas últimas décadas, a América Latina, e o Brasil em particular, têm mostrado avanços ao aprender a desenvolver políticas urbanas que reconhecem a presença de favelas e outros assentamentos informais. Esse novo enfoque inclui a coleta de dados mais abrangentes e o desenho de políticas públicas que visam a regularização fundiária ética e o desenvolvimento sustentável.
Rossbach também defende que melhorar as condições habitacionais em assentamentos precários é uma forma eficaz de reduzir a necessidade de novas construções, que frequentemente têm um custo ambiental significativo. A construção de habitações sustentáveis é financeiramente desafiadora, exigindo subsídios, mas a manutenção desses espaços é mais econômica e menos impactante para o meio ambiente. Assim, a transformação urbana não apenas aborda as necessidades habitacionais, mas também contribui para a luta contra as mudanças climáticas.