A Universidade de Brasília (UnB) aprovou, em 17 de outubro, uma resolução que institui cotas para o ingresso de pessoas trans em seus mais de 130 cursos de graduação. Essa medida, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), reserva 2% das vagas para indivíduos autodeclarados como travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos e pessoas não-binárias. A expectativa é que as cotas sejam implementadas no vestibular de agosto de 2025, abrangendo também outras modalidades de seleção, como o edital do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com essa nova política, a UnB se junta a outras universidades federais que já adotaram cotas para pessoas trans, destacando-se como uma instituição pioneira na promoção da inclusão. A iniciativa é vista como um avanço significativo, uma vez que apenas 0,3% da população trans no Brasil consegue acessar o ensino superior. Além disso, estudos indicam que menos de 30% dessa população conclui o ensino médio, e muitos enfrentam dificuldades financeiras severas, muitas vezes levando à marginalização.
O vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, afirmou que a universidade está preparada para receber esses novos estudantes, implementando mecanismos de apoio que respeitem suas identidades. Lucci Laporta, uma ex-aluna da UnB e ativista transfeminista, ressaltou a importância de criar um ambiente inclusivo, enfatizando que a maior presença de estudantes trans será crucial para fortalecer a luta por um ambiente acadêmico mais acolhedor. Com a nova resolução, o Comitê Permanente de Acompanhamento das Políticas de Ação Afirmativa (Copeaa) será responsável por estabelecer os procedimentos para a heteroidentificação de candidatos trans.