Há 15 anos, a sigla Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, marca a geopolítica mundial. Desde sua fundação em 2009, esses países e o contexto global passaram por mudanças significativas. Enquanto o bloco foi inicialmente criado para facilitar o comércio e promover o intercâmbio de experiências entre países emergentes, o cenário atual é marcado por tensões e conflitos, com o Ocidente e o Oriente se distanciando. A guerra comercial entre Estados Unidos e China e a invasão da Ucrânia pela Rússia redefiniram as dinâmicas entre essas potências.
Em 2023, os Brics experimentaram uma expansão significativa, incluindo novos membros como Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos, enquanto a Arábia Saudita considerou se juntar ao grupo. Essa ampliação foi recebida com entusiasmo por Rússia e China, que agora se veem em uma posição de liderança em um bloco geopolítico crescente. No entanto, o Brasil, apesar de ser um dos membros fundadores respeitados, expressou preocupações sobre a falta de critérios claros para a inclusão de novos países e a possibilidade de perder relevância em um grupo dominado por potências com ambições mais expansivas.
O Brasil enfrenta uma crise de identidade, equilibrando sua herança ocidental e sua posição nos Brics. Com uma tradição enraizada em valores ocidentais, o país mantém uma postura diplomática de neutralidade. Contudo, essa posição pode torná-lo um coadjuvante nas decisões do bloco, à medida que as potências demográficas e militares tomam a dianteira nas discussões políticas. A cúpula atual promete mais perguntas sobre o futuro dos Brics e qual direção o grupo buscará nas próximas décadas.