Em 2023, a pesquisa do IBGE revelou que 1,607 milhão de crianças e adolescentes, com idades entre 5 e 17 anos, estavam envolvidos em atividades laborais, destacando um cenário preocupante. Entre esses, 1,182 milhão exerciam atividades econômicas, enquanto 425 mil realizavam trabalho voltado apenas para o autoconsumo familiar. A predominância de atividades econômicas era notável entre os adolescentes de 14 a 17 anos, com 70% e 89,2%, respectivamente, desempenhando tais funções. Apesar de a maioria das crianças dessa faixa etária estarem estudando, a taxa de escolaridade entre os trabalhadores infantis era significativamente inferior, com apenas 88,4% frequentando a escola.
O trabalho infantil em situações de risco também é uma questão alarmante, com 586 mil crianças e adolescentes envolvidos em ocupações prejudiciais à saúde ou que apresentavam risco de acidentes. Essa cifra, embora representasse uma queda de 22% em relação ao ano anterior, ainda apontava para a necessidade urgente de atenção a esse problema. Mais da metade das crianças de 5 a 13 anos que trabalhavam em atividades econômicas estavam em condições arriscadas, indicando um quadro de vulnerabilidade persistente.
Além das condições de trabalho, as disparidades salariais se tornaram evidentes, com os meninos recebendo, em média, R$ 815, enquanto as meninas ganhavam R$ 695. O estudo também revelou que as crianças e adolescentes em famílias que recebiam benefícios do Bolsa Família apresentavam uma pequena porcentagem de envolvimento em atividades econômicas, o que sugere que a assistência social poderia ser um fator mitigador para a inclusão de jovens no mercado de trabalho. A situação requer um esforço conjunto para enfrentar os desafios do trabalho infantil e promover a educação e o bem-estar dessas crianças e adolescentes.