Nas semanas que antecedem a cúpula do Brics, que ocorrerá em Kazan, Rússia, o Talibã, que tomou o controle do Afeganistão em 2021, busca uma oportunidade de se integrar ao grupo. Apesar de não ser reconhecido oficialmente por nenhum país, o porta-voz adjunto do Talibã ressaltou a importância da participação afegã em fóruns econômicos como o Brics. Um pedido formal foi feito ao vice-premier russo, mas a inclusão do Talibã depende da aprovação de todos os membros do bloco.
A aproximação do Talibã com a Rússia tem como objetivos principais obter reconhecimento internacional, evitar discussões sobre direitos humanos e estabelecer uma aliança estratégica com o país. Mesmo sendo considerado uma organização terrorista pela Rússia desde 2007, os dois lados mantêm um canal de diálogo, e as relações comerciais entre eles cresceram, alcançando US$ 1 bilhão em 2023. A Rússia, embora não compartilhe afinidades ideológicas com o Talibã, adotou uma postura pragmática, sinalizando a possibilidade de reavaliar a designação do grupo como terrorista, desde que melhorias nas condições de direitos humanos sejam observadas.
O pedido de participação do Talibã na cúpula do Brics reflete sua estratégia de não ser marginalizado no cenário internacional, buscando legitimar seu regime e abrir portas para novas parcerias econômicas e políticas. Além disso, a colaboração com o Talibã é vista como uma potencial aliança na luta contra a ameaça representada por grupos extremistas na região, como o Estado Islâmico do Khorasan.