O relatório do JPMorgan destaca que as saídas de capital estrangeiro da B3 continuam a influenciar o mercado financeiro, com um total de US$ 3,5 bilhões retirados até o dia 11 de outubro, após uma retirada de US$ 1,7 bilhão em setembro. As saídas acumuladas em 2023 atingiram R$ 31 bilhões, o que pode indicar um cenário mais desfavorável do que o observado em 2020, quando R$ 40 bilhões deixaram o mercado no primeiro ano da pandemia. As estrategistas Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi observam que, embora as saídas não tenham sido lineares, a situação se agravou, especialmente com preocupações fiscais e a necessidade de cortes no orçamento.
O cenário econômico foi afetado por uma combinação de fatores, incluindo a alta nos juros e a expectativa de um real mais forte, que não se concretizou. O ciclo de alta da Selic, inicialmente modesto, agora indica um aumento mais significativo, previsto em 250 pontos-base nos próximos 12 meses, enquanto o real se desvalorizou em 3,5%. Além disso, a aproximação das eleições nos EUA tende a aumentar a aversão ao risco, levando os investidores a adotarem uma postura mais cautelosa.
Apesar do quadro desafiador, as estrategistas sugerem que uma rotação para ativos de risco pode ser viável caso o governo implemente medidas eficazes para controlar despesas, o que poderia beneficiar ações sensíveis a juros. No entanto, a realidade atual dos fluxos locais permanece negativa, com saídas contínuas de R$ 2,8 bilhões em setembro em fundos de ações, totalizando R$ 30 bilhões desde setembro de 2021. A expectativa é de que as próximas semanas tragam mais informações sobre os movimentos do mercado.