O professor de História Contemporânea da USP, Angelo Segrillo, em entrevista, discutiu a russofobia, um fenômeno histórico que influencia as relações entre a Rússia e o Ocidente. Ele aponta que essa aversão tem raízes profundas no século XIX, quando a Europa começou a ver a Rússia como atrasada e selvagem, uma perspectiva alinhada ao conceito de orientalismo de Edward Said, que critica a noção ocidental de superioridade cultural em relação ao Oriente.
Segrillo destaca que Vladimir Putin utiliza essa visão histórica de forma estratégica, ampliando a russofobia como se fosse um elemento central nas relações com o Ocidente. O professor considera essa ampliação um exagero, mas reconhece que serve aos interesses de Putin ao fortalecer um sentimento nacionalista na Rússia e justificar suas políticas. Essa abordagem permite que o presidente russo evoque uma narrativa de vitimização histórica, consolidando apoio interno e promovendo a unidade nacional contra ameaças externas.
A análise do professor traz à tona a complexidade das dinâmicas políticas atuais, em que a percepção de ameaças e o nacionalismo se entrelaçam. A russofobia, longe de ser apenas um sentimento passageiro, é parte de um contexto histórico mais amplo que continua a moldar a interação entre a Rússia e o Ocidente, com implicações significativas para a política interna russa e suas relações internacionais.