Um novo relatório destaca a persistente cultura de abuso sexual na indústria da música, reunindo dezenas de casos de acusações contra figuras proeminentes do setor. Com mais de 200 páginas, o documento aponta a naturalização das denúncias de assédio e a falta de ação por parte das gravadoras, que muitas vezes ignoraram ou silenciaram as vítimas ao longo das décadas. Essa situação foi descrita como um ambiente onde comportamentos predatórios são tolerados, perpetuando um ciclo de abuso que afeta principalmente mulheres e menores de idade.
O relatório, intitulado “Sound Off: Make the Music Industry Safe”, foi elaborado por uma coalizão de grupos feministas e analisa como a indústria tem se beneficiado de uma cultura que frequentemente relativiza relatos de abuso. Especialistas entrevistados destacam que o chamado “sexo, drogas e rock n’ roll” não se trata apenas de um estereótipo cultural, mas sim de uma dinâmica de poder que facilita a exploração sexual e a impunidade. Casos de abusos em festas exclusivas, envolvendo celebridades e executivos, são exemplos da gravidade do problema.
Entre as demandas apresentadas no relatório estão o fim de acordos de confidencialidade, a criação de uma lista pública de acusados de má conduta e a implementação de protocolos que incentivem as denúncias. A crítica se estende às três maiores gravadoras do setor, que são chamadas a tomar uma posição ativa na proteção de vítimas e na promoção de um ambiente seguro para todos os profissionais da música.