O relatório Focus, que compila as estimativas macroeconômicas de instituições financeiras no Brasil, indicou um aumento nas previsões para a inflação e a taxa de juros. A expectativa para a inflação de 2024, medida pelo IPCA, subiu de 4,39% para 4,50%, enquanto a previsão para a Selic em 2025 passou de 11% para 11,25% ao ano. Essa piora nas projeções já era esperada pelo mercado devido à alta do dólar, das taxas de juros futuros e dos títulos prefixados, refletindo uma crescente incerteza relacionada ao risco fiscal do país.
A deterioração da situação fiscal é demonstrada por números alarmantes, como um déficit nominal de quase 10% do PIB e um aumento da dívida bruta, que atingiu 78,5% do PIB. Além disso, o governo tem utilizado manobras contábeis para melhorar artificialmente seus resultados fiscais, como a não contabilização de gastos com desastres e a utilização de recursos de estatais para aumentar os gastos públicos. Essas práticas têm gerado desconfiança no mercado, que vê essa abordagem como uma tentativa de contornar as metas fiscais sem uma redução real dos gastos.
Diante desse cenário, os ministros da Fazenda e do Planejamento anunciaram a intenção de implementar medidas para cortar despesas. No entanto, tanto economistas quanto investidores permanecem céticos quanto à efetividade dessas ações. A desconfiança do mercado se intensificou após promessas não cumpridas anteriormente, levando a um aumento da aversão ao risco, refletido na valorização do dólar e nas altas das taxas de juros futuros. A situação atual sugere que a credibilidade do governo está em jogo, enquanto o mercado se torna cada vez mais cauteloso em relação a futuros ajustes fiscais.