Um levantamento realizado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) revelou uma significativa queda na produtividade da cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil, com uma média de 69,7 toneladas por hectare em setembro de 2024, em comparação com 83,4 t/ha no mesmo mês do ano anterior. A União da Indústria de Cana-de-açúcar e Biotecnologia (UNICA) observou um adiantamento na colheita, com 12 usinas finalizando a moagem até a segunda quinzena de outubro, em contraste com apenas quatro usinas no ano anterior. Apesar da redução na produtividade, a qualidade da matéria-prima apresentou um leve aumento, evidenciado pela medição de Açúcar Total Recuperável (ATR), que atingiu 136,71 kg por tonelada de cana colhida.
A situação climática adversa tem sido um fator determinante para a redução da produtividade. Pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) alertaram que o déficit hídrico, que começou a ser sentido em dezembro de 2023, se intensificou ao longo de 2024, resultando em um cenário de seca extrema. Essa combinação de fatores fez com que as usinas adotassem estratégias para mitigar as perdas, como o adiantamento da colheita e a utilização de técnicas de irrigação. A expectativa é que a segunda safra também seja impactada negativamente, uma vez que a brotação já está sendo afetada pelas condições climáticas.
A Embrapa e outros especialistas destacam a importância de tecnologias sustentáveis para melhorar a resiliência da produção de cana-de-açúcar frente às mudanças climáticas. Embora a irrigação seja recomendada em algumas situações, a prática deve ser feita com cautela e dentro das normas de controle. A pressão sobre os recursos hídricos é crescente, e as outorgas de uso de água têm sido rigorosamente autorizadas, priorizando o abastecimento das cidades. Em um contexto de crescente demanda global por biocombustíveis e segurança alimentar, a adoção de medidas eficazes é essencial para garantir a sustentabilidade e viabilidade do setor.