A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo de dados eletrônicos e de mensagens dos envolvidos em um caso de infecção por HIV em pacientes que receberam transplantes de órgãos. A decisão ocorreu após investigações revelarem que um laboratório de Nova Iguaçu emitiu laudos falsos, indicando que doadores de órgãos não estavam infectados pelo vírus HIV, enquanto, na realidade, eram positivos. Seis pacientes que receberam esses órgãos acabaram contraindo o vírus. A juíza responsável pelo caso determinou a busca e apreensão de dados de dispositivos eletrônicos dos sócios e funcionários do laboratório, visando esclarecer os fatos.
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão, além de mandados de prisão de alguns envolvidos, como um dos sócios do laboratório. As investigações indicam negligência na verificação da validade dos reagentes utilizados nos exames, o que pode ter contribuído para a emissão de resultados falsos negativos. De acordo com as autoridades, a motivação para as falhas seria a busca por redução de custos e aumento de lucro. A magistrada enfatizou a importância de respeitar os direitos das pessoas durante as diligências, a fim de garantir a integridade das provas coletadas.
Como consequência do escândalo, o laboratório teve seus serviços suspensos, e os exames de transplantes passaram a ser realizados por outra instituição. O Ministério da Saúde também determinou uma auditoria no sistema de transplantes do estado, visando identificar irregularidades na contratação do laboratório investigado. A situação ressalta a importância de rigor nos procedimentos de saúde pública, especialmente em questões sensíveis como transplantes de órgãos.