No Brasil, a crescente dependência de professores temporários nas redes estaduais de ensino gera sérios desafios para a qualidade da educação. Embora a contratação de temporários seja necessária para suprir ausências, como doenças ou aposentadorias, a tendência de utilizar esse modelo como estratégia padrão tem comprometido as condições de trabalho desses educadores. Eles enfrentam baixos salários, falta de plano de carreira e instabilidade, obrigando muitos a lecionar em múltiplas escolas para garantir uma remuneração mínima. Essa realidade resulta em um ciclo de rotatividade alta, que prejudica o vínculo com os alunos e impacta negativamente a qualidade do ensino.
Além disso, a seleção de professores temporários costuma ser feita de maneira menos rigorosa, focando apenas na experiência ou titulação, sem avaliações teóricas ou práticas. Essa fragilidade nos processos seletivos contribui para a permanência de educadores menos experientes em escolas que, frequentemente, atendem comunidades vulneráveis. A falta de estabilidade financeira e a insegurança quanto à continuidade do trabalho levam muitos professores a desistirem da profissão ou buscarem outras alternativas de renda, como empregos em áreas não relacionadas à educação.
Por fim, especialistas destacam que essa situação é resultado de uma gestão educacional que vê a folha de pagamento como um gasto a ser cortado, em vez de um investimento. Para melhorar a situação, seria ideal reduzir a quantidade de professores temporários e garantir melhores condições de trabalho, como contratos mais longos e salários ajustados. A necessidade de mudanças nas políticas de contratação é urgente para assegurar não apenas a valorização dos educadores, mas também a melhoria da aprendizagem dos alunos nas escolas públicas.