Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou diferenças significativas no envelhecimento da população brasileira, destacando que mulheres na região Sul apresentam características de saúde que as fazem parecer até 10 anos mais jovens em comparação com suas pares no Norte e Nordeste. O estudo, defendido como tese de doutorado por Anderson Gonçalves, utilizou a metodologia de idade relativa, que ajusta a idade cronológica de acordo com fatores de saúde, qualidade de vida e condições ambientais, mostrando que as mulheres do Sul têm uma idade relativa de 58,3 anos, enquanto as do Norte e Nordeste alcançam 68,9 anos na mesma faixa etária.
As discrepâncias no envelhecimento são atribuídas à transição demográfica, que inclui um declínio na fecundidade nas regiões Sul e Sudeste, resultando em uma maior proporção de idosos. Além disso, fatores socioeconômicos, como a desigualdade no acesso a serviços de saúde e educação, aceleram o processo de envelhecimento. O estudo também revelou que diferenças no grau de escolaridade impactam a percepção de idade em homens de 55 anos, onde aqueles com menor escolaridade apresentam características de pessoas com 60,7 anos, enquanto os mais escolarizados têm aspectos de 50,1 anos.
Para calcular a idade relativa, a pesquisa utilizou biomarcadores, como a força de preensão manual, considerada um indicador de saúde que reflete o estado funcional de adultos e idosos. Embora o estudo não tenha vínculo direto com políticas públicas, os pesquisadores acreditam que seus resultados podem contribuir para a formulação de novas diretrizes, enfatizando a importância de reconhecer a heterogeneidade da população idosa brasileira e a necessidade de abordagens personalizadas para atender suas diversas condições de vida.