O Saci-Pererê, figura icônica do folclore brasileiro, busca ser reconhecido além de suas travessuras. Em contraste com a celebração do Halloween, que ganha força no Brasil, o movimento liderado pela Sociedade de Observadores de Saci (Sosaci) visa abrasileirar essa festividade, promovendo o Dia do Saci em 31 de outubro. Defensores dessa iniciativa argumentam que valorizar o Saci é fundamental para a identidade cultural brasileira, especialmente em um contexto onde tradições locais são frequentemente ofuscadas por influências culturais estrangeiras.
A origem do Saci remonta às tradições indígenas e mistura elementos de diversas culturas, como a africana e a portuguesa. Especialistas como Andriolli Costa destacam a importância de reconhecer o Saci como um protetor da natureza e um símbolo cultural que representa a diversidade do Brasil. Com a realização de eventos na cidade de São Luiz do Paraitinga, desde 2003 a data foi oficializada por meio de legislações estaduais e federais, promovendo a conscientização sobre a riqueza do folclore nacional e o combate ao racismo estrutural que marginaliza essas tradições.
Por outro lado, o debate sobre a coexistência do Halloween e do Dia do Saci levanta questões sobre a valorização da cultura local em um mundo globalizado. Enquanto alguns defendem a celebração de ambas as festividades como uma forma de aprendizado cultural, outros alertam para o risco de desvalorização das tradições brasileiras. O Saci, portanto, representa mais do que uma figura folclórica; ele simboliza a luta pela preservação da cultura popular e pela afirmação da identidade nacional em um cenário dominado por narrativas externas.