Desde a retomada do poder pelo Talebã no Afeganistão, milhares de decisões judiciais, especialmente aquelas que garantiam direitos às mulheres, foram anuladas. A história de uma jovem, que obteve um divórcio após uma luta judicial de dois anos, ilustra a situação alarmante. Apesar de ter conquistado sua liberdade, a mulher agora enfrenta a reverterção de sua vitória devido à interpretação rígida da sharia pelo novo regime, que não reconhece suas conquistas anteriores.
O Talebã revisitou e reabriu aproximadamente 355 mil casos judiciais, com um foco significativo em disputas de terras e questões familiares, incluindo divórcios. As mulheres, que antes ocupavam posições judiciais, foram removidas do sistema, e novas diretrizes impuseram que apenas homens com visões alinhadas ao regime atuem como juízes. Os responsáveis pelo sistema judicial do Talebã justificam essa exclusão ao afirmarem que as mulheres não possuem a capacidade necessária, reforçando uma narrativa que marginaliza o papel feminino na sociedade.
Além da exclusão judicial, as vozes femininas são silenciadas, e as mulheres são forçadas a lutar por seus direitos em um sistema que não as reconhece. Apesar dos esforços de ativistas e ex-juízas para reverter essa situação, a realidade é que muitas mulheres, como a jovem que conquistou seu divórcio, permanecem sem apoio e aguardando ajuda em condições precárias, enquanto o regime mantém uma postura que ignora os direitos conquistados ao longo dos anos.