Nos últimos meses, o setor portuário brasileiro tem vivido um movimento significativo de verticalização, com a venda de duas das principais operadoras de contêineres do país para armadoras internacionais. A CMA CGM adquiriu a Santos Brasil, enquanto a MSC anunciou a compra da Wilson Sons. Especialistas indicam que essa tendência está ligada à escassez de capacidade portuária, que tem elevado os custos para as empresas de transporte marítimo no Brasil, além do aumento da demanda gerado pela pandemia, que possibilitou a ampliação do caixa das armadoras.
As aquisições refletem a estratégia dos armadores em otimizar suas operações e garantir maior controle sobre as atividades portuárias, uma vez que a alta utilização dos terminais tem gerado incertezas na previsibilidade das operações. Com a compra de terminais, os armadores não apenas aumentam sua capacidade, mas também buscam reduzir custos e aumentar a competitividade. A Wilson Sons, que atende uma ampla gama de clientes e possui diversas operações, é um exemplo do potencial de crescimento através dessa verticalização.
Entretanto, o processo de verticalização gera debates no setor, especialmente em relação à concorrência. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) será responsável por avaliar as aquisições, e especialistas expressam preocupação com a concentração de mercado que pode resultar dessas operações. Embora a verticalização seja vista como uma tendência global, o debate sobre suas implicações para a competitividade do setor continua em aberto, com a necessidade de uma análise cuidadosa para preservar um ambiente de negócios saudável.