O padre peruano Gustavo Gutiérrez, considerado o pai da Teologia da Libertação, faleceu na noite de terça-feira (23), aos 96 anos. Membro da ordem dominicana, Gutiérrez teve um papel significativo na história da Igreja latino-americana, especialmente por sua abordagem que combina fé e justiça social, centrada na luta pelos direitos dos pobres. Seu livro seminal, Teologia da Libertação. Perspectivas, publicado em 1971, desafiou o status quo ao argumentar que a pobreza é um atentado à dignidade humana e contrário à vontade divina.
Ao longo de sua vida, Gutiérrez enfrentou críticas de setores conservadores, mas também conquistou o apoio de muitos católicos que se sentiam indignados com as desigualdades sociais e políticas da região. Sua preocupação com os pobres foi reconhecida pela Congregação para a Doutrina da Fé, que, embora tenha expressado reservas sobre a influência do marxismo em suas ideias, elogiou sua dedicação à justiça social. O teólogo também atuou em uma paróquia em Lima por mais de duas décadas, reforçando seu compromisso prático com a comunidade.
Gutiérrez foi homenageado em diversas ocasiões, incluindo uma carta de agradecimento do Papa Francisco por suas contribuições à Igreja e à humanidade. Em 2018, ele recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias na área de Comunicação e Humanidades, destacando seu impacto duradouro. Sua morte foi lamentada por líderes religiosos, que reconheceram sua vida dedicada ao serviço e ao amor pelos marginalizados.