Especialistas alertam para a falência do modelo de privatização do setor elétrico no Brasil, evidenciado pela recente crise de energia em São Paulo, que teve início em 11 de outubro e ainda persiste. A falta de planejamento da concessionária Enel e da prefeitura é apontada como fatores principais para a demora na restauração do fornecimento de energia. O engenheiro eletricista Ikaro Chaves destaca que a deterioração na qualidade do serviço e a fragilidade da regulação estatal demonstram a ineficácia do modelo adotado, que depende de um setor monopolista, o que limita a concorrência e, consequentemente, os benefícios para os consumidores.
Chaves também critica a gestão de custos pela Enel, que tem optado pela redução de despesas com mão de obra, prejudicando a manutenção preventiva, fundamental para a operação eficiente da rede elétrica. Em seis meses, a empresa desligou 227 trabalhadores da área de manutenção, o que compromete ainda mais a qualidade do serviço. A necessidade de uma abordagem mais humana e uma gestão adequada de recursos humanos é enfatizada, já que a manutenção elétrica é uma atividade que requer intervenção direta de profissionais qualificados.
O professor José Aquiles Baesso Grimoni ressalta a importância da coordenação entre a concessionária e a prefeitura durante crises emergenciais, sugerindo que o comitê de crise da cidade não atuou de forma eficaz. Ele propõe o enterramento da rede elétrica como uma solução para os problemas de quedas recorrentes, mas alerta que isso requer investimentos conjuntos do governo federal, estadual e municipal. No entanto, destaca que questões políticas e econômicas podem dificultar a implementação dessa solução, já que o enterramento não gera visibilidade política, dificultando a priorização desse tipo de investimento.