A Missão Internacional Independente das Nações Unidas na Venezuela divulgou um relatório indicando que o governo tem razões para ser responsabilizado por crimes contra a humanidade em um contexto eleitoral marcado por repressão. O documento de 158 páginas, que abrange o período de setembro de 2023 a agosto de 2024, denuncia a atuação de forças de segurança e grupos civis armados a favor do governo, envolvidos em assassinatos, desaparecimentos forçados e atos de tortura. A missão ressalta que as violências se intensificaram após as eleições de 28 de julho, caracterizadas por perseguições a opositores e repressão a protestos.
O relatório também critica a falta de transparência e integridade do sistema eleitoral, citando instituições como o Conselho Nacional Eleitoral e o sistema judiciário, que operam sem a necessária independência. Além das violações direcionadas a opositores, o documento aponta que cidadãos comuns foram alvos de abusos por expressarem suas discordâncias com o governo ou com os resultados das eleições. Nos dez meses que antecederam o pleito, houve um aumento significativo no número de prisões, justificado por alegações de conspirações e pela repressão de atividades da oposição.
Após as eleições, a repressão se intensificou, resultando em uma campanha de prisões em massa que pode ser comparada a eventos de protesto anteriores no país. As autoridades, de acordo com o relatório, utilizaram esses eventos como justificativa para ações seletivas contra militares, políticos e ativistas. A missão, presidida pela jurista Marta Valiñas, enfatiza a urgência de atenção internacional diante do cenário de violação de direitos humanos e da crescente insegurança em relação à liberdade de expressão e ao espaço democrático na Venezuela.