Os ministros da Fazenda e do Planejamento manifestam preocupação com o aumento do déficit fiscal, propondo ajustes que, no entanto, não implicariam cortes substanciais em gastos públicos. Em vez de enfrentarem questões delicadas, como a desindexação das aposentadorias ao salário mínimo, suas propostas parecem focar em medidas pontuais que visam apenas cumprir metas fiscais para 2025 e 2026. Essa abordagem sugere que, apesar da urgência em equilibrar as contas públicas, não há um comprometimento real em resolver os problemas centrais que geram o alto endividamento do Estado.
A recente elevação das taxas de juros e do dólar tem trazido consequências diretas para a economia brasileira, como a alta da inflação e a desaceleração da atividade econômica. Essas variáveis estão ligadas ao aumento do prêmio de risco da economia, que leva os investidores a demandarem taxas mais altas para financiar o governo. Além disso, a possível exclusão das estatais do cálculo do resultado primário é vista como uma manobra contábil para esconder o déficit fiscal, embora isso não elimine a necessidade de endividamento para financiar novos gastos.
Sem um ajuste fiscal comprometido que aborde o lado dos gastos, a administração atual corre o risco de apenas mitigar problemas de forma superficial. Mesmo com a Selic reduzida, os juros de mercado permanecem altos, refletindo a percepção de risco por parte dos credores. A compreensão de que governos também precisam apresentar garantias de solvência parece ainda não estar clara para a gestão atual, o que poderá comprometer a confiança do mercado e a saúde fiscal do país a longo prazo.