Fernando Haddad, ministro da Fazenda, reconheceu a preocupação do mercado em relação à dinâmica de gastos do governo e a necessidade de ações efetivas para evitar problemas futuros na dívida pública. Em entrevista, ele ressaltou que a pasta já vem adotando medidas desde fevereiro, mas que essas não são suficientes para resolver os desafios atuais. Haddad enfatizou a importância de dialogar com o presidente Lula sobre a situação fiscal, alertando que a falta de confiança na gestão pública pode resultar em um aumento no prêmio de risco exigido pelos investidores.
O ministro apontou que para que a taxa de juros retome a trajetória de queda observada até 2023, a despesa pública precisa ser inferior a 19% do PIB. Ele argumentou que é crucial demonstrar ao mercado que o crescimento das despesas será contido, caso contrário, a percepção de um desequilíbrio fiscal se aprofundará. Haddad também mencionou que a busca por um ajuste fiscal já está sendo discutida em relação ao orçamento do próximo ano, com foco em soluções que considerem não apenas o mandato atual, mas também as implicações futuras.
Uma das dificuldades para a implementação de cortes nas despesas reside em compromissos assumidos antes da posse de Lula, que geram resistência a ajustes que possam afetar grupos vulneráveis. Haddad defendeu que o governo atual tem a responsabilidade de corrigir distorções criadas em gestões anteriores, enfatizando a urgência de uma reavaliação estrutural das finanças públicas para garantir a credibilidade do governo e a estabilidade econômica do país.