O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro intensificou a pressão sobre o Banco do Brasil (BB) para que apresente ações de reparação à população afrodescendente, em decorrência de seu histórico apoio à escravidão no Brasil no século 19. Durante uma audiência pública realizada na última semana, representantes do MPF, do BB e de outros ministérios discutiram as recomendações do MPF, que demandam recursos específicos para a implementação de medidas de reparação. O procurador Julio José Araujo Junior expressou insatisfação com a falta de ações concretas até o momento, enfatizando que pedidos de desculpas não são suficientes sem um plano de ação claro e com prazos definidos.
Em resposta, o Banco do Brasil reconheceu seus vínculos com a escravidão e anunciou que, em dezembro de 2024, lançará uma série de ações relacionadas à reparação. No entanto, representantes do BB alertaram que algumas sugestões apresentadas pela sociedade civil não podem ser implementadas devido à sua natureza orçamentária, destacando que a renda básica, por exemplo, depende de aprovação legislativa. A gerente de Relações Institucionais, Nivia Silveira da Mota, afirmou que o banco está considerando as demandas propostas e que várias diretorias estão envolvidas na elaboração do plano de ação.
A sociedade civil também teve um papel ativo, com o MPF abrindo uma consulta pública que recebeu mais de 500 propostas de reparação de diversas entidades. Durante a audiência, ativistas enfatizaram a necessidade de ações que abordem as desigualdades sociais e raciais persistentes no Brasil, apontando que o BB deve trabalhar em conjunto com outras instituições para garantir um impacto significativo. As discussões evidenciam a urgência de um compromisso real e efetivo para a reparação histórica e a promoção da equidade racial no país.