A redução do déficit das contas públicas para pelo menos 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) ainda representa um desafio, mas as expectativas do mercado aumentaram quanto à possibilidade de o governo alcançar essa meta em 2024. O aumento na arrecadação, impulsionado por um desempenho econômico melhor do que o esperado, ajudou a encurtar a distância em relação ao objetivo. No entanto, especialistas afirmam que será necessário um controle significativo nos gastos na reta final do ano, estimando um superávit superior a R$ 42 bilhões no último trimestre para que o déficit final de R$ 28,8 bilhões seja alcançado.
Além da necessidade de contenção, há fatores que podem facilitar esse esforço, como a antecipação de algumas despesas no primeiro semestre. A motivação política para alcançar a meta é também um elemento relevante, uma vez que o não cumprimento poderá limitar o espaço para gastos em 2026, ano em que está prevista uma nova eleição. Para o ano seguinte, o governo enfrentará o desafio de acomodar a expansão das despesas obrigatórias dentro dos limites estabelecidos, permitindo um aumento máximo de 2,5% acima da inflação, o que implicará em um impulso fiscal reduzido em 2025.
Apesar de a meta ser considerada possível, persistem dúvidas no mercado sobre a consistência dos resultados fiscais, especialmente em um cenário onde a dívida pública pode atingir níveis críticos. A utilização de créditos extraordinários e a exclusão de recursos do cálculo da meta fiscal contribuem para a incerteza. As previsões indicam que a dívida pode superar 87% do PIB nos próximos quatro anos, trazendo riscos fiscais que precisam ser monitorados, conforme apontado por especialistas da área.