Os juros futuros no Brasil registraram uma alta nesta quarta-feira, 23, impulsionados por fatores internos e externos que aumentaram as apostas dos investidores em um cenário econômico desfavorável. O aumento nos rendimentos dos Treasuries, as declarações do diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e a valorização do dólar global foram determinantes para a elevação das taxas. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou a 12,76%, enquanto os DIs para janeiro de 2027 e 2029 também apresentaram crescimento, atingindo 12,96% e 12,97%, respectivamente.
Durante um encontro em Washington, o diretor do Banco Central expressou preocupações sobre a inflação persistente e o estado do mercado de trabalho, sinalizando que as expectativas inflacionárias estão desancoradas. A projeção do BC para o IPCA em 3,5% não sugere que a inflação esteja sob controle, levando a um ambiente de incerteza que afetou o mercado. O cenário fiscal, por sua vez, continua estagnado, com a revisão da agenda de gastos dependendo do retorno do ministro da Fazenda dos Estados Unidos e enfrentando resistências internas no governo.
Adicionalmente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para um aumento significativo na relação da dívida pública em relação ao PIB durante o atual governo, prevendo que a dívida suba de 83,9% para 94,7% até 2026. A combinação de fatores externos, como a incerteza em relação às políticas do Federal Reserve, também contribuiu para a pressão sobre as taxas locais. Com o dólar fechando próximo a R$ 5,70, especialistas apontam que esse cenário representa um risco crescente para a inflação, sugerindo a necessidade urgente de ajustes fiscais.