As taxas dos DIs no Brasil apresentaram uma forte alta nesta sexta-feira, refletindo a crescente aversão dos investidores aos ativos brasileiros, em meio a preocupações persistentes sobre o equilíbrio fiscal do governo. Sem notícias significativas na área fiscal nos últimos dias, a percepção negativa sustentou o dólar em níveis elevados e fez com que as taxas futuras se aproximassem dos 12,90% em alguns vencimentos. Essa foi a terceira sessão consecutiva de aumento nas taxas, com destaque para os contratos de janeiro de 2025, 2026 e 2027, que registraram elevações em relação aos ajustes anteriores.
O avanço nas taxas também foi influenciado pela recente reprecificação dos Treasuries, que impactou as curvas de juros globalmente. O economista-chefe do Banco Master comentou que as tensões na curva de juros brasileira são exacerbadas por uma economia mais aquecida, inflação pressionada e um Banco Central em um ciclo de alta de juros. Mesmo com a estabilidade dos yields dos Treasuries após dados de inflação considerados neutros nos EUA, as taxas dos DIs continuaram a subir, especialmente nos contratos a partir de janeiro de 2026.
No contexto econômico, o presidente Lula reiterou a necessidade de compensar a ampliação da isenção do imposto de renda para a classe média com a taxação dos mais ricos, mas suas declarações não provocaram mudanças significativas nas expectativas do mercado. Dados do IBGE mostraram uma retração de 0,4% no setor de serviços em agosto, reforçando a incerteza econômica. No final do dia, a curva precificava uma alta de 91% na taxa Selic, prevendo um aumento de 50 pontos-base em novembro, em um cenário que continua a gerar inquietações entre os investidores.