O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicou que o Brasil enfrenta um mal-estar nas relações com o governo da Venezuela, especialmente após a recente discordância sobre a adesão da Venezuela ao Brics. Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Amorim explicou que a decisão de não apoiar a entrada do país no bloco foi um reflexo do descontentamento do governo brasileiro, que busca evitar uma expansão desenfreada da organização. Apesar de evitar o termo “veto”, ele destacou que a Venezuela não atende às condições necessárias para ser parceira do Brics no momento.
A tensão foi acentuada pelas declarações do líder venezuelano, que acusou o Brasil de traição após a negativa de apoio à sua entrada no bloco. Amorim, por sua vez, defendeu que a situação não deve ser encarada de maneira ideológica e ressaltou que o governo brasileiro busca manter um canal de diálogo, mesmo diante das críticas. Ele argumentou que o Brasil não se comprometerá a romper relações com governos que enfrentam problemas relacionados aos direitos humanos, enfatizando a importância de um diálogo construtivo.
Além disso, Amorim abordou a dívida da Venezuela com o Brasil, reconhecida em cerca de US$ 1,28 bilhão, e mencionou a necessidade de reatar laços comerciais. O ex-chanceler também observou que a relação entre os dois países se deteriorou desde a decisão do Brasil de não reconhecer a reeleição de Maduro, citando o impacto disso na confiança mútua. Em meio a esse contexto, o Brasil se posiciona como um mediador potencial em futuras discussões entre o governo e a oposição na Venezuela, ressaltando a importância de evitar a intensificação de conflitos geopolíticos na região.