A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra de sigilo dos dados dos envolvidos em um caso de infecção por HIV em pacientes que receberam transplantes de órgãos. A decisão, proferida no último domingo, inclui o acesso a dispositivos eletrônicos dos indiciados e mandados de busca e apreensão em seus endereços. O laboratório responsável pelos testes, que resultaram em diagnósticos falsos negativos de HIV, não possui registro junto ao Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, levantando preocupações sobre a legalidade de suas operações.
Segundo investigações, houve uma decisão interna na empresa responsável pelos testes, que alterou os processos de verificação dos reagentes, priorizando o lucro em detrimento da segurança dos exames. Oito pessoas foram infectadas após receberem órgãos de doadores que tiveram resultados de testes comprometidos. A polícia cumpriu todos os mandados de prisão, e dois indivíduos permanecem foragidos. O laboratório emitiu uma nota repudiando a existência de um esquema criminoso, defendendo que as falhas podem ter ocorrido devido a erros humanos.
Em depoimento, um dos sócios do laboratório afirmou que a sindicância interna aponta falhas na transcrição de resultados. A defesa dos envolvidos rejeitou as acusações de que houve intenção de fraudar os laudos e confiou que a Justiça não verá necessidade de manter a prisão de um dos sócios, que se apresentou voluntariamente e foi liberado. O caso destaca as implicações graves na segurança dos transplantes e a importância de rigorosos processos de verificação nos exames de saúde.