Começa hoje, em Londres, o julgamento de uma ação coletiva movida por cerca de 620 mil atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, ocorrido em 2015 em Mariana, Minas Gerais. O processo, que tramita desde 2018, busca reparações de aproximadamente R$ 230 bilhões, incluindo comunidades, municípios, igrejas e empresas afetadas. Durante as doze semanas de julgamento, serão apresentados depoimentos, evidências e testemunhos de especialistas, enquanto a data de 5 de novembro marca o nono aniversário da tragédia que resultou em 19 mortes e devastação ambiental.
A defesa dos atingidos argumenta que a empresa controladora, a BHP, tinha ciência dos riscos relacionados à barragem e deve ser responsabilizada pelos danos causados. A expectativa é que a sentença seja emitida em meados de 2025. Se a BHP for condenada, a Vale, acionista da Samarco, terá que dividir os custos das indenizações. Há também uma ação em andamento na Justiça holandesa, onde os atingidos reivindicam mais de R$ 18 bilhões, com a Vale como ré.
A BHP refuta as alegações sobre o controle da Samarco, destacando que a empresa operava de maneira independente. Por sua vez, a Vale acredita que o caso já está sendo tratado no Brasil, através de processos judiciais e da Fundação Renova, que foi criada para a reparação dos danos e já destinou mais de R$ 37 bilhões para ações de compensação. Até o momento, não houve responsabilização criminal pela tragédia, e os réus foram interrogados em 2023, mas ainda aguardam uma decisão judicial.